Gerir um negócio e garantir sua longevidade não é tarefa fácil, ainda mais se for uma empresa familiar. Desde a abertura do CNPJ até o sucesso da marca ou do estabelecimento, há um extenso caminho, trilhado com base em muito esforço e dedicação.
No entanto, na empresa da família nenhum desafio é tão grande quanto resolver conflitos e garantir a longevidade das operações.
Números do Sebrae e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que as empresas familiares são responsáveis por 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 75% dos empregos do Brasil.
Manter o patrimônio da família pode ser mais difícil do que se imagina. Segundo a empresa da consultoria empresarial norte-americana, McKinsey, 70% das empresas encerram suas operações após a troca de sucessão familiar e o número cai para 30% quando chegam à terceira geração. Em terras brasileiras, os números mostram que apenas 5% das empresas familiares têm chegado à terceira geração.
Para saber como resolver conflitos na empresa familiar é preciso entender suas estruturas, suas características e entender seus pontos de tensão.
O que é uma empresa familiar
Tudo começa a partir de um sonho ou puramente pela necessidade de sobrevivência. O casal ou uma pessoa inicia um pequeno negócio e os filhos crescem assistindo o esforço dos pais e aos poucos vão sendo inseridos na empresa, o que traz vantagens e desvantagens.
Geralmente, uma empresa familiar possui um ambiente mais informal, flexível, amistoso e rápido para decisões onde os sócios são – na maioria das vezes – mais comprometidos com seus objetivos de longo prazo.
Em sua formação, estes negócios costumam ser mais enxutos e com despesas menores, o que reflete em um aumento potencial de rentabilidade. Costumam gerar mais riqueza para a família, assim como oportunidades de trabalhos para familiares.
Por outro lado, empreender em família pode gerar conflitos e atrapalhar, inclusive, as relações familiares se os membros misturarem questões pessoais e profissionais.
Os laços afetivos e a intimidade podem dificultar as decisões e também comprometer o desenvolvimento da empresa. Em alguns negócios, com fundadores patriarcas, pode acontecer excesso de autoritarismo, paternalismo, concentração de poder, falta de planejamento, baixa valorização dos familiares e confusão na hierarquia e sucessão.
Como surgem os conflitos na empresa familiar
A maioria dos problemas na empresa familiar envolve disputas por poder, por dinheiro ou está diretamente ligada à relação entre os membros da família. Veja algumas possíveis causas de problemas:
Os pais acreditam que todos os filhos devem trabalhar na empresa, porém nem todos têm interesse ou talento para o negócio.
Um dos irmãos se sente preterido nas decisões da empresa ou sente que trabalha mais que os outros e deveria ser mais valorizado.
Filhos que não trabalham na empresa querem opinar nos negócios e outros membros da família discordam.
Os filhos constroem suas próprias famílias, agregando novos membros na relação empresa-família, que começam a opinar ou trabalhar na empresa.
As novas gerações desejam alterar a forma como a empresa é administrada e implantar inovações, mas os mais velhos não estão abertos a mudanças.
Outros parentes são escolhidos para trabalhar na empresa por causa do grau de parentesco, e não pela competência em contribuir com o negócio.
Há divergência na escolha do sucessor do fundador da empresa.
Como solucionar problemas na empresa familiar
Ao aceitar que os conflitos fazem parte do dia a dia dos negócios, tentar solucioná-los da forma mais assertiva e tirar o melhor proveito deles faz com que as empresas cresçam e aprimorem sua gestão.
Melhore a comunicação
A melhor maneira de a família se preparar para resolver conflitos é conversando e discutindo com racionalidade sobre como resolvê-los antes mesmo que aconteçam. A falta de disposição em ouvir opiniões diferentes e julgá-las sem preconceitos pode levar a empresa a quebrar. Melhorar a comunicação na empresa é fundamental.
Faça um acordo familiar
O acordo familiar é um conjunto de regras que determina como será a relação entre a família, os sócios e a empresa. Estabeleça neste acordo quem vai trabalhar ou não na empresa, defina a responsabilidade de cada um – inclusive, na resolução dos problemas –, esclareça o nível de autonomia dos membros e saiba como será a utilização dos bens da empresa.
Além disso, defina também a remuneração em caso de doença ou pensão em caso de falecimento e estabeleça um processo de sucessão. Vale lembrar que estes são alguns pontos de tensão em empresas familiares que devem ser bem discutidos e esclarecidos. No entanto, outras condições podem ser adicionadas caso os membros da família/empresa julguem necessárias.
Importante: Familiares que não trabalham na empresa, e por isso não recebem salário, legalmente têm direitos sobre a empresa. Então, pode ser importante incluí-los nas grandes decisões do negócio.
Inclua terceiros na resolução de conflitos
Ao surgirem problemas, procure ajuda de terceiros, ou seja, pessoas que não são membros da família e não fazem parte da gestão do negócio para mediar os conflitos, como consultores terceirizados, empresários parceiros e até coaches em liderança. O papel destes mediadores é, de forma isenta, auxiliar as partes interessadas a chegar a um consenso.
Coloque tudo em prática
Faça um diagnóstico da origem dos conflitos e analise, em conjunto, como resolvê-los. Para isso, coloque as dicas em prática!